<h3 class="editor-heading-h3 ltr" dir="ltr">O PROJETO</h3> O Portal de História da Ciência e da Tecnologia no Brasil é um projeto desenvolvido pela Coordenação de História da Ciência e Tecnologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), situado em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Nosso objetivo é divulgar a história da ciência e da tecnologia brasileira a partir de documentos históricos preservados em instituições de pesquisa, como o próprio MAST. Os documentos digitalizados são cadastrados em uma base de dados onde são inseridas informações sobre sua procedência, autoria, datação, entre outros dados importantes para o conhecimento dos seus contextos de produção e circulação. Além disso, cada documento é associado a um evento na história da ciência e da tecnologia brasileira, que é descrito por especialistas em textos autorais voltados para o público não especializado. Por meio de ferramentas interativas que permitem a construção de linhas do tempo e mapas personalizados, esperamos ser uma fonte de estudos capaz de contribuir para tornar as ciências e os cientistas brasileiros mais conhecidos entre nós. Desde 2019, o projeto foi desenvolvido com recursos do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) por meio do edital n° 36/2021 - “Apoio à Editoração e ao Audiovisual Comemorativo do Bicentenário da Independência e do Centenário da Semana de Arte Moderna”, e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) por meio do projeto “A Cultura Científica no Brasil: Espaços Multiusuários de Ciência e Tecnologia no MAST”. <h3 class="editor-heading-h3 ltr" dir="ltr">A EQUIPE</h3> Coordenação: Heloisa Meireles Gesteira Desenvolvimento e pesquisa: Anderson Pereira Antunes Mariza Pinheiro Bezerra Modelagem do sistema de informação: Sergio Emanuel Dias Campos Base de dados e desenvolvimento do site: Victor Yañez Colaboração: Coordenação de História da Ciência e da Tecnologia (MAST)

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Em indivíduos e instituições, destacamos não só cientistas com instrução formal, mas todos os indivíduos que contribuíram com a construção do conhecimento científico. Em alguns contextos, como determinadas expedições científicas, indígenas e escravizados, entre outros, foram importantes colaboradores e, por isso, merecem lugar na história da ciência e da tecnologia brasileira. Ao mesmo tempo, evidenciamos também os espaços de ciência - formais ou não - onde esses indivíduos circularam e atuaram.

Indivíduos e Instituições

A história da ciência por meio de seus atores e espaços.

Em artefatos e natureza, pretendemos evidenciar as relações entre o natural e o artificial. Entre os artefatos, destacam-se os instrumentos científicos que permitem, por exemplo, observar tanto aquilo que é invisível ao olho nu, como os átomos, quanto aquilo que se encontra muito distante de nós, como as estrelas. Ao mesmo tempo, também podemos considerar como artefatos as representações da natureza, como desenhos e gráficos.

Artefatos e Natureza

Artefatos que permitem estudar, representar e organizar a natureza.

Em política científica e cooperação internacional, ressaltamos as relações entre a política - interna e externa - e a ciência. Por um lado, a ciência pode orientar algumas tomadas de decisões políticas que impactam diretamente em nossas vidas. Da mesma forma, negar a ciência pode ter efeitos catastróficos. Por outro lado, sem políticas de incentivo e financiamento, não há ciência. Essa relação funciona, portanto, em via de mão dupla e muitas vezes envolve atores nacionais e internacionais.

Política Científica e Cooperação Internacional

As relações políticas e diplomáticas no desenvolvimento da ciência.

Em divulgação e controvérsias, salientamos os esforços para divulgar a ciência tanto entre os próprios cientistas - o que chamamos de divulgação entre pares - quanto entre a população em geral - o que chamamos de popularização da ciência. Periódicos especializados, jornais diários, matérias de televisão, sites e podcasts contribuem para tornar conhecidos os processos de construção do conhecimento científico, incluindo as divergências, disputas e controvérsias que fazem parte desses processos.

Divulgação e Controvérsias

A divulgação da ciência e de suas controvérsias.

Em conexões e logística, priorizamos um dos efeitos do avanço científico e tecnológico no mundo moderno: tornar o mundo mais conectado. Entre o estabelecimento dos primeiros sistemas de correios e telégrafos até a conexão instantânea por meio da internet, a ciência e a tecnologia foram elementos fundamentais na construção do mundo globalizado no qual vivemos atualmente.

Conexões e Logística

O papel da ciência na construção de um mundo conectado.

Em observações e experimentos, ressaltamos dois processos importantes na construção do conhecimento científico. As observações dos fenômenos naturais, orientadas por conhecimentos prévios, assim como os experimentos que reproduzem fenômenos naturais, fornecem suporte para a comunidade científica construir modelos, testar hipóteses e formular teorias para explicar o funcionamento da natureza.

Observações e Experimentos

Nesta linha do tempo você irá encontrar alguns dos marcos relacionados com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), observando que a assinatura da lei que criou o órgão em 1951 foi fruto de um longo processo que pode ser traçado, pelo menos, até 1948 nas reuniões entre o Almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva e o Presidente Eurico Gaspar Dutra.

Linha do tempo da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Fotografia de Álvaro Alberto em audiência com o Presidente Eurico Gaspar Dutra, no Palácio do Catete quando o almirante foi convocado para discutir a criação do Conselho Nacional de Pesquisas (atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq).

Fotografia de Álvaro Alberto em audiência com o Presidente Eurico Gaspar Dutra, no Palácio do Catete

A comissão era composta por militares e cientistas notórios reunidos com o objetivo de discutir o projeto de criação de uma organização destinada ao fomente da pesquisa científica no Brasil.

Fotografia com anotações manuscritas de reunião da comissão de elaboração do projeto do CNPq

Além de Lattes e Costa Ribeiro, também é possível identificar outros participantes, como: Jorge Latour, José Carneiro Felippe, Álvaro Osório de Almeida, e Francisco de Sá Lessa Filho.

Fotografia de reunião da comissão de elaboração do projeto do CNPq

A notícia da criação do CNPq repercutiu em diversos jornais da época.

Notícia do jornal "A Noite" sobre o controle da energia atômica pelo Estado e a criação do CNPq

Fotografia de César Lattes e Costa Ribeiro em reunião da comissão nomeada pelo Presidente Dutra para a elaboração do projeto do CNPq. 

Fotografia de César Lattes e Costa Ribeiro em reunião da comissão de elaboração do projeto do CNPq

Com 7 capítulos e um total de 33 artigos, a lei número 1.310 de 15 de janeiro de 1951 cria oficialmente o CNPq.

Lei número 1.310 de 15 de janeiro de 1951 que cria o CNPq

O organograma do CNPq mostra que o órgão respondia diretamente à Presidência da República, ao qual estava subordinado o seu Conselho Deliberativo.

Organograma do regimento do CNPq em 1951

A organização de expedições astronômicas para observação de efemérides fez parte das atividades de observatórios em todo o mundo, sendo o período entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX considerado o apogeu dessa prática. Na astronomia, o termo “efeméride” se refere a eventos astronômicos como a passagem de planetas, os eclipses e as mudanças de fase da Lua. Entre 1850 e 1920, por exemplo, seis eclipses totais do Sol foram observáveis no território brasileiro e o Imperial Observatório do Rio de Janeiro, atual Observatório Nacional, criado em 1827, registrou esses momentos que, além de contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico, instigaram o imaginário popular ao escurecer o céu durante o dia. Além de eclipses, trânsitos de planetas, ocultações de estrelas e passagens de cometas, entre outras efemérides, também constituíram objeto de estudo da astronomia.

Linha do tempo de observações de efemérides astronômicas pelo Observatório Nacional

O primeiro eclipse total do Sol observável em território brasileiro informado pelo Observatório Nacional ocorreu no dia 30 de novembro de 1853. Um ano antes, o então Imperial Observatório já havia informado, no primeiro volume do seu anuário Ephemerides do Imperial Observatório Astronômico, sobre o horário de visibilidade do eclipse na cidade do Rio de Janeiro. Por ocorrer no fim da tarde, iniciando às 17 horas, as condições de visibilidade não foram favoráveis e não foram feitos registros.

Observação do eclipse total do Sol de 30 de novembro de 1853 no Rio de Janeiro

A passagem do planeta Vênus pelo disco solar, em 1882, foi considerada um evento importante porque permitiria aos astrônomos calcular a distância entre o nosso planeta e o Sol e, sabendo essa distância, as leis de Kepler permitiriam calcular as posições dos demais planetas no sistema solar. Três comissões brasileiras foram organizadas, sendo a principal delas, chefiada por Luiz Cruls, destinada à Punta Arenas, no Chile.

Observação do trânsito de Vênus pelo disco solar em 1882

O eclipse total do Sol de 1865 foi observado por astrônomos do Observatório Nacional, do Instituto Politécnico Brasileiro e pelo Imperador Pedro II que, na ocasião, convidou o naturalista de origem suíça Jean Louis Rodolphe Agassiz para acompanhá-lo durante a observação no seu palácio em São Cristóvão. Na ocasião, embora as nuvens tenham prejudicado a visibilidade do eclipse, Agassiz fez observações sobre o comportamento das aves durante o fenômeno, publicadas em seu livro de viagem.

Observação do eclipse total do Sol de 25 de abril de 1865 no Rio de Janeiro

Para o eclipse de 7 de setembro de 1858, o governo imperial patrocinou uma expedição para Paranaguá, no Paraná, composta pelo senador e engenheiro Cândido Batista de Oliveira, o astrônomo Emmanuel Liais, oficiais do Exército e funcionários do Imperial Observatório. Apesar da curta duração do fenômeno, importantes relatórios foram redigidos e publicados no Brasil e no exterior e Emmanuel Liais concebeu um novo método para determinação de longitudes.

Observação do eclipse total do Sol de 7 de setembro de 1858 em Paranaguá

O eclipse de 29 de maio de 1919 ganhou destaque por ter permitido confirmar a Teoria da Relatividade Geral proposta pelo físico Albert Einstein a partir de cálculos feitos sobre as fotografias tiradas da cidade de Sobral, no Ceará, onde astrônomos brasileiros e ingleses se encontraram. A expedição brasileira organizada pelo Observatório foi liderada por Henrique Morize, que contou com o apoio dos astrônomos Allyrio de Mattos e Lélio Gama, dentre outros.

Observação do eclipse total do Sol de 29 de maio de 1919 em Sobral

Essa linha do tempo reúne algumas das principais missões organizadas pelo Observatório Nacional com destino ao exterior. Com o objetivo de observar efemérides ou participar de congressos e reuniões planejadas por instituições estrangeiras, astrônomos do Observatório Nacional, incluindo seus diretores, viajaram para países na Europa, na América do Norte e do Sul representando a instituição brasileira.

Linha do tempo de missões do Observatório Nacional no exterior

Três meses após a realização do Congresso Astrofotográfico Internacional, Luiz Cruls e Pedro II visitaram um recém inaugurado observatório na cidade de Juvisy-sur-Orge, onde Camille Flammarion, astrônomo e divulgador da ciência, chefiava os trabalhos. Durante a visita, o imperador observou o planeta Vênus utilizando a luneta equatorial montada no observatório, entregou a Flammarion a comenda da Imperial Ordem da Rosa, e plantou uma árvore para marcar a sua passagem pela cidade de Juvisy-sur-Orge.

Visita de Pedro II e Luiz Cruls ao Observatório Camille Flammarion em Juvisy-sur-Orge na França

O desenvolvimento do astrofotógrafo, luneta que permitia fotografar os céus, motivou Ernest Mouchez, diretor do Observatório de Paris, a organizar o Congresso Astrofotográfico Internacional em 1887. Astrônomos de 15 países diferentes participaram do evento, incluindo Luiz Cruls, diretor do então Imperial Observatório do Rio de Janeiro. Durante o congresso dois projetos tiveram início: a produção de um catálogo astrográfico e o atlas Carta do Céu.

Congresso Astrofotográfico Internacional de 1887

Com o objetivo de definir o meridiano inicial a partir do qual a hora local poderia ser calculada para qualquer lugar do mundo, astrônomos de 26 países diferentes se reuniram na conferência organizada em Washington, nos Estados Unidos. Dentre as propostas apresentadas, a mais votada definiu o meridiano de Greenwich, na Inglaterra, como meridiano inicial, marco para a medida da longitude e estabelecimento dos fusos horários.

Conferência Internacional do Meridiano

Fundada em 1919, a União Astronômica Internacional tinha o objetivo de formalizar a cooperação internacional na área, promovendo investigações astronômicas e a troca de informações e experiências entre astrônomos e observatórios ao redor do mundo. Entre seus membros iniciais estavam países como a Inglaterra, os Estados Unidos, o Canadá, o Japão, e o Brasil, convidado para participar em 1922. Em sua primeira reunião, em Roma, o Observatório Nacional foi representado por Henrique Morize.

Primeira Assembleia Geral da União Astronômica Internacional

Esta linha do tempo destaca os eventos relacionados ao Observatório Nacional

Observatório Nacional

Direção de Emmanuel Liais no Imperial Observatório do Rio de Janeiro

Visita de Albert Einstein ao Observatório Nacional

A participação do Observatório Nacional na Exposição Nacional de 1908

Publicação do primeiro número das Efemérides do Imperial Observatório Astronômico

Participação do Observatório Nacional no projeto Carta do Céu

Transferência do campus do Observatório Nacional para São Cristóvão

Tombamento do campus do Observatório Nacional em São Cristóvão

Direção de Luiz Cruls no Imperial Observatório Astronômico do Rio de Janeiro

Direção de Henrique Morize no Observatório Nacional

Um observatório astronômico é uma instituição onde cientistas estudam a relação entre o céu e a Terra, e a biblioteca é um espaço crucial para esse trabalho. O Observatório Nacional, fundado no Rio de Janeiro em 1827, possui uma trajetória bibliotecária desde seus primórdios, embora a data exata de criação da biblioteca não seja conhecida. Documentos indicam que, desde 1849, a instituição acumulava livros e materiais de pesquisa. Com a mudança para a sede atual em 1920, a biblioteca continuou a expandir sua coleção, tornando-se uma referência no país.

Formação da Biblioteca do Observatório Nacional

Recebimento do "Almanaque Náutico" de Greenwich pela Biblioteca do Observatório Nacional

O Observatório Astronômico, a primeira instituição científica criada no Brasil após a Independência, foi estabelecido em 1827, conforme decreto que envolveu a Academia Real Militar e a Academia de Marinha. A proposta inicial, elaborada por Cândido Baptista de Oliveira, visava organizar e centralizar observações astronômicas e meteorológicas, refletindo a importância estratégica da época. A instituição começou suas atividades sistemáticas em 1846, no morro do Castelo, e foi inicialmente chamada de Imperial Observatório do Rio de Janeiro, tornando-se posteriormente o Observatório Nacional com a República. 

Portal de História da Ciência e da Tecnologia no BrasilMAST

Linhas do tempo da equipe PHCT