Foi por meio de um golpe liderado pelos militares que, em 1º de abril de 1964, teve início um dos períodos mais truculentos, repressivos e antidemocráticos da história brasileira. Diferentemente de uma democracia, onde o povo é soberano, uma ditadura concentra o poder nas mãos de um indivíduo ou grupo. Por meio de atos institucionais que suplantavam até mesmo a constituição, diversas liberdades civis foram cassadas e a oposição foi censurada, torturada e assassinada.

Ditadura Civil-Militar

SACI, nome de um personagem do folclore brasileiro, também é a abreviação de um projeto intitulado “Satélite Avançado de Comunicações Interdisciplinares”.Trata-se de um conjunto de ações ambiciosas, idealizadas em 1968 pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), com o objetivo de construir um satélite de telecomunicações visando a transmissão de programas educacionais de rádio e TV para todo o país. Alinhado ao discurso desenvolvimentista da década de 60, que influenciava as políticas voltadas à educação, o projeto à época era visto como uma alternativa para combater o analfabetismo em algumas regiões do Brasil. Na elaboração do projeto estava à frente o Dr. Fernando de Mendonça, engenheiro eletrônico&nbsp; e diretor científico da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE), além de outros engenheiros. Vale dizer que nenhum educador participou da idealização do projeto, apesar de ser uma iniciativa com fins educacionais.De início, elevados custos inviabilizaram a construção de um satélite nacional, sendo necessário estabelecer acordos de cooperação entre INPE e NASA para veiculação dos conteúdos do programa por meio de satélites americanos, modelo ATS.Diante disso, Fernando Mendonça, então diretor do INPE, levou adiante o projeto SACI sob o desígnio de SACI/EXERN, Experimento Educacional do Rio Grande do Norte, com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foram 500 escolas contempladas neste estado, onde equipamentos como antenas, televisores e rádios foram instalados. O sistema entrou em funcionamento com treinamentos e aulas ministradas nos estúdios do INPE, em São José dos Campos, e retransmitidos via satélite para antenas parabólicas que espalhavam os sinais para televisores e rádios das escolas selecionadas. Professores e alunos receberam material didático para o acompanhamento dos cursos.A escolha do estado do Rio Grande do Norte para receber o projeto, entre outros motivos, deve-se à instalação do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno em 1965, algo que contribuiu para a infraestrutura tecnológica e para gerar conhecimentos científicos na região, além da proximidade de alguns dos idealizadores do projeto com acadêmicos e políticos na região. No entanto, ainda era uma região com pouca infraestrutura para viabilizar um projeto ambicioso como o SACI, especialmente em regiões mais distantes do litoral. Além disso, o projeto tinha dirigentes e aliados políticos pouco interessados em promover uma educação mais sensível à realidade local, formada, tantas vezes, por estradas carroçáveis e pouca energia elétrica. Esses “tecnocratas” preocupavam-se em promover mudanças urgentes, mas esqueciam que a realidade era mais complexa do que suas tecnologias podiam prever.Efetivamente o sistema ficou em operação entre 1973-1975, e as transmissões realizadas com o satélite da NASA só foram possíveis por 30 minutos diários entre março e maio de 1975. Trata-se de um período curto, considerando os investimentos outrora realizados e as expectativas de seus idealizadores. O projeto teve sua extinção em abril de 1976, com a saída de Fernando Mendonça da direção do INPE, e suas bases tecnológicas foram reformuladas visando algum aproveitamento de infraestrutura pelo sistema educacional do estado do Rio Grande do Norte.

Fotografia de uma encenação de aula de História do Brasil do Projeto Saci (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1972. A fotografia também encontra-se no livro "O Brasil chega ao Espaço" (1996).

Fotografia de uma encenação de aula de História do Brasil do Projeto SACI, 1972

Fotomontagem criada a partir de outras fotografias que representam os objetivos e ações do Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1974. Na imagem, vê-se alunos assistindo aulas à frente de uma televisão e um profissional de educação mediando o acesso. É visto, também, cientistas em trabalho, o satélite ATS-6 da NASA em órbita e a gravação de aulas em estúdio. O projeto tinha o objetivo de promover um sistema educacional por meio de rádio, televisão, material diádico e satélites, lançando as bases da teleducação no Brasil. A imagem foi utilizada na Revista Espacial, n. 17 de jun.-jul de 1974.

Fotomontagem sobre o Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares) em1974

Fotografia em jornal impresso mostrando o diretor científico da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE), nas instalações do INPE, 1971, discursando para alunos e professores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Na ocasião, Mendonça explicava as bases do Projeto SACI aos alunos do curso de Pedagogia da instituição.

Fotografia em jornal de Fernando de Mendonça discursando para alunos e professores da PUC em 1971

O desenvolvimento do Projeto SACI - Satélite Avançado de Comunicações Interdisciplinares (1968-1976)

Em conexões e logística, priorizamos um dos efeitos do avanço científico e tecnológico no mundo moderno: tornar o mundo mais conectado. Entre o estabelecimento dos primeiros sistemas de correios e telégrafos até a conexão instantânea por meio da internet, a ciência e a tecnologia foram elementos fundamentais na construção do mundo globalizado no qual vivemos atualmente.

Conexões e Logística

O papel da ciência na construção de um mundo conectado.

O ano de 1988, quando é promulgada a constituição "cidadã", marca o auge de um processo de abertura política iniciado em 1985. Com o fim da ditadura, o Brasil retoma a democracia presidencialista com um novo governante escolhido pelo povo em eleições diretas. Embora essa seja uma história recente, muito já aconteceu e continua a acontecer diariamente, pois a história não é apenas aquilo que ocorreu no passado; ela é a ciência do homem no tempo: passado, presente e futuro.

História Recente

Marcos geodésicos são pontos fixados no solo com informações sobre a altitude e/ou gravidade do local, além das suas coordenadas geográficas. Esses marcos servem para demarcar territórios e orientar nossa localização no globo terrestre, e podem ser chapas de ferro, pequenos pilares e bases de concreto. Outros marcos são maiores, pois foram transformados em monumentos, como os que sinalizam o centro de um continente ou país.Em 1972 o marco geodésico n. 2250 norte foi fixado em Mato Grosso e, além de conter as informações precisas do local, tinha o objetivo de homenagear em vida o engenheiro Allyrio Carlos Hugueney de Mattos. O marco foi feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), instituição onde o engenheiro trabalhou como consultor técnico. E Mato Grosso, no Centro-Oeste brasileiro, foi escolhido por ser o estado natal de Allyrio de Mattos.Mas quem foi esse personagem que “ganhou” um ponto específico no globo terrestre? Em 1939, Allyrio de Mattos coordenou a “Campanha de Levantamento Intensivo das Coordenadas Geográficas das sedes Municipais” do Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas. O projeto do IBGE atualizou os dados fornecidos pela Carta Geográfica do Milionésimo (1922), primeiro mapa do Brasil com grande circulação.Entre 1939 e 1943 a campanha liderada por Allyrio de Mattos determinou 602 coordenadas em cidades e vilas, sendo fundamental para o mapeamento cartográfico de localidades brasileiras pouco conhecidas.Além de atuar no IBGE, Allyrio de Mattos foi professor na Escola Politécnica e astrônomo do Observatório Nacional. Em 1919, participou da comissão mista de brasileiros e ingleses que observaram o eclipse total do Sol em Sobral (CE). Em seus trabalhos deu grande importância às pesquisas de campo e ao uso de equipamentos portáteis mais precisos, como os teodolitos modernos.Se você ficou curioso sobre esses pontos espalhados pelo Brasil afora, o IBGE é quem registra os marcos geodésicos através do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), e disponibiliza as informações para o público através de seu banco de dados.

A fotografia (p&amp;b) apresenta o engenheiro Allyrio de Matos com a mão no marco geodésico n. 2250, na cidade de Cuiabá – MT. Da esquerda para direita o segundo personagem trata-se do geógrafo Miguel Alves de Lima, e o quarto corresponde a Isaac Kerstenetzky, economista e presidente do IBGE entre 1970 a 1979. Os demais não foram identificados. A fotografia também destaca o instrumento científico chamado teodolito mecânico, equipamento ótico fundamental para medir ângulos verticais e horizontais, auxiliando o cálculo das áreas topográficas em perspectiva.

Fotografia da inauguração da Base Allyrio de Mattos, homenagem do IBGE

A fotografia em preto e branco apresentando o engenheiro Allyrio de Matos homenageado com a inauguração do marco geodésico n. 2250, na cidade de Cuiabá – MT. A fotografia dá destaque ao instrumento científico chamado teodolito mecânico, equipamento ótico fundamental para medir ângulos verticais e horizontais, auxiliando o cálculo das áreas topográficas em perspectiva.

Fotografia da inauguração da Base Allyrio de Mattos com destaque para o Teodolito

Inauguração do marco geodésico Allyrio de Mattos em 1972

<h3 class="editor-heading-h3 ltr" dir="ltr">O PROJETO</h3> O Portal de História da Ciência e da Tecnologia no Brasil é um projeto desenvolvido pela Coordenação de História da Ciência e Tecnologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), situado em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Nosso objetivo é divulgar a história da ciência e da tecnologia brasileira a partir de documentos históricos preservados em instituições de pesquisa, como o próprio MAST. Os documentos digitalizados são cadastrados em uma base de dados onde são inseridas informações sobre sua procedência, autoria, datação, entre outros dados importantes para o conhecimento dos seus contextos de produção e circulação. Além disso, cada documento é associado a um evento na história da ciência e da tecnologia brasileira, que é descrito por especialistas em textos autorais voltados para o público não especializado. Por meio de ferramentas interativas que permitem a construção de linhas do tempo e mapas personalizados, esperamos ser uma fonte de estudos capaz de contribuir para tornar as ciências e os cientistas brasileiros mais conhecidos entre nós. Desde 2019, o projeto foi desenvolvido com recursos do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) por meio do edital n° 36/2021 - “Apoio à Editoração e ao Audiovisual Comemorativo do Bicentenário da Independência e do Centenário da Semana de Arte Moderna”, e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) por meio do projeto “A Cultura Científica no Brasil: Espaços Multiusuários de Ciência e Tecnologia no MAST”. <h3 class="editor-heading-h3 ltr" dir="ltr">A EQUIPE</h3> Coordenação: Heloisa Meireles Gesteira Desenvolvimento e pesquisa: Anderson Pereira Antunes Mariza Pinheiro Bezerra Modelagem do sistema de informação: Sergio Emanuel Dias Campos Base de dados e desenvolvimento do site: Victor Yañez Colaboração: Coordenação de História da Ciência e da Tecnologia (MAST)

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Em indivíduos e instituições, destacamos não só cientistas com instrução formal, mas todos os indivíduos que contribuíram com a construção do conhecimento científico. Em alguns contextos, como determinadas expedições científicas, indígenas e escravizados, entre outros, foram importantes colaboradores e, por isso, merecem lugar na história da ciência e da tecnologia brasileira. Ao mesmo tempo, evidenciamos também os espaços de ciência - formais ou não - onde esses indivíduos circularam e atuaram.

Indivíduos e Instituições

A história da ciência por meio de seus atores e espaços.

Em artefatos e natureza, pretendemos evidenciar as relações entre o natural e o artificial. Entre os artefatos, destacam-se os instrumentos científicos que permitem, por exemplo, observar tanto aquilo que é invisível ao olho nu, como os átomos, quanto aquilo que se encontra muito distante de nós, como as estrelas. Ao mesmo tempo, também podemos considerar como artefatos as representações da natureza, como desenhos e gráficos.

Artefatos e Natureza

Artefatos que permitem estudar, representar e organizar a natureza.

Em política científica e cooperação internacional, ressaltamos as relações entre a política - interna e externa - e a ciência. Por um lado, a ciência pode orientar algumas tomadas de decisões políticas que impactam diretamente em nossas vidas. Da mesma forma, negar a ciência pode ter efeitos catastróficos. Por outro lado, sem políticas de incentivo e financiamento, não há ciência. Essa relação funciona, portanto, em via de mão dupla e muitas vezes envolve atores nacionais e internacionais.

Política Científica e Cooperação Internacional

As relações políticas e diplomáticas no desenvolvimento da ciência.

Em divulgação e controvérsias, salientamos os esforços para divulgar a ciência tanto entre os próprios cientistas - o que chamamos de divulgação entre pares - quanto entre a população em geral - o que chamamos de popularização da ciência. Periódicos especializados, jornais diários, matérias de televisão, sites e podcasts contribuem para tornar conhecidos os processos de construção do conhecimento científico, incluindo as divergências, disputas e controvérsias que fazem parte desses processos.

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A divulgação da ciência e de suas controvérsias.

Em observações e experimentos, ressaltamos dois processos importantes na construção do conhecimento científico. As observações dos fenômenos naturais, orientadas por conhecimentos prévios, assim como os experimentos que reproduzem fenômenos naturais, fornecem suporte para a comunidade científica construir modelos, testar hipóteses e formular teorias para explicar o funcionamento da natureza.

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